Na aurora da primavera de 845 d.C., os parisienses vivenciaram um terror sem precedentes. O rio Sena, normalmente calmo e vital para o comércio e a vida cotidiana, tornou-se a trilha sombria de uma ameaça vinda do norte. Uma colossal frota de 120 drácares — os lendários navios vikings de proa entalhada — deslizou pelas águas, liderada por um dos mais temidos guerreiros nórdicos da história: Ragnar Lothbrok.
Ragnar, figura envolta em lendas, era tão estrategista quanto impiedoso. Ele navegou rio acima, ultrapassando cidades menores, pilhando vilarejos e espalhando o pânico. O destino final era ambicioso: Paris, a joia do Reino da Frância Ocidental.
O rei Carlos II, conhecido como Carlos, o Calvo, neto de Carlos Magno, governava a região. Apesar da fama militar de sua dinastia, ele foi pego desprevenido. Paris não tinha fortificações adequadas nem tropas suficientes para um confronto direto com uma força tão numerosa e brutal. Os defensores tentaram resistir, mas foram rapidamente esmagados.
Os vikings não encontraram obstáculos reais ao invadirem a cidade. Saquearam igrejas, mosteiros e casas nobres, levando tesouros, relíquias religiosas, ouro e prata. Conta-se que até os sinos das igrejas foram derretidos para se tornarem espólios.
Diante da devastação e da incapacidade de vencer militarmente, Carlos tomou uma decisão desesperada: ofereceu um resgate de 7.000 libras de prata e ouro para que os invasores partissem. Foi uma quantia astronômica, equivalente a dezenas de milhões em valores modernos.
Ragnar aceitou. E assim como vieram, os vikings voltaram aos seus navios, satisfeitos. Paris estava salva — mas humilhada. A notícia do pagamento se espalhou pela Europa como fogo. O cerco não apenas enriqueceu os vikings, mas reforçou sua reputação de guerreiros invencíveis e implacáveis, capazes de atacar o coração do mundo cristão.
Esse episódio marcou profundamente a política da época. Monarcas europeus começaram a reforçar defesas, reorganizar exércitos e repensar suas estratégias. O evento também demonstrou a habilidade dos vikings não apenas como saqueadores, mas como mestres da guerra psicológica e diplomática.

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