A música "Borderline", lançada recentemente por Maraisa, da dupla Maiara & Maraisa, gerou grande repercussão nas redes sociais e abriu um intenso debate sobre a maneira como transtornos mentais são representados na mídia. A letra, que descreve um relacionamento abusivo, foi amplamente criticada por associar o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) a comportamentos tóxicos, o que especialistas e pessoas diagnosticadas com a condição consideraram uma estigmatização injusta.
No trecho polêmico, Maraisa canta:
"Nem preciso de CRM pra diagnosticar essa loucura que cê tá vivendo [...] esse perfil se encaixa numa personalidade borderline."
Após a repercussão negativa, a cantora apagou o vídeo da música de seu perfil no Instagram e, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido. Muitos fãs e pessoas que convivem com o TPB expressaram sua indignação, afirmando que se sentiram atacadas e estigmatizadas com a abordagem da canção.
Entenda o Transtorno de Personalidade Borderline
O Transtorno de Personalidade Borderline é uma condição complexa de saúde mental caracterizada por instabilidade emocional intensa, relações interpessoais instáveis, medo extremo de abandono, impulsividade e crises de identidade. Entre os sintomas mais comuns também estão sentimentos crônicos de vazio, comportamentos autodestrutivos, como automutilação, e explosões de raiva desproporcionais.
As causas do TPB são multifatoriais, envolvendo fatores genéticos, alterações neurológicas e experiências traumáticas na infância, como abuso ou negligência emocional.
Como é feito o diagnóstico e qual o tratamento?
O diagnóstico do TPB é realizado por profissionais da saúde mental, com base nos critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Geralmente, o processo inclui entrevistas clínicas detalhadas, avaliações de histórico pessoal e observação comportamental.
O tratamento mais eficaz combina psicoterapia e, em alguns casos, medicação. A Terapia Comportamental Dialética (DBT) é considerada o padrão-ouro para o manejo do transtorno, ajudando pacientes a desenvolver habilidades de regulação emocional, tolerância ao estresse e melhora na qualidade dos relacionamentos. Medicamentos podem ser indicados para tratar sintomas associados, como depressão ou ansiedade.
Com acompanhamento adequado e contínuo, é possível que indivíduos com TPB alcancem estabilidade emocional, construam relações saudáveis e levem uma vida plena.
Representação responsável importa
A polêmica envolvendo a música "Borderline" evidencia a necessidade de uma representação mais cuidadosa e responsável dos transtornos mentais na cultura popular. Especialistas alertam que reforçar estereótipos negativos sobre condições como o TPB contribui para o estigma, dificultando ainda mais o acesso ao diagnóstico, tratamento e inclusão social dos afetados.
Num momento em que a discussão sobre saúde mental ganha cada vez mais espaço, é fundamental promover informação de qualidade, empatia e respeito — desconstruindo mitos e ampliando o entendimento da sociedade sobre temas tão delicados.

Nenhum comentário:
Postar um comentário