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sexta-feira, 8 de março de 2024

A Obra de Frei Eugênio em Minas Gerais



Frei Eugênio Maria da Gênova nasceu em Oneglia Província de Gênova, Itália, em 04 de novembro de 1812. Foi batizado com o nome João Batista Maberino. Ingressou na ordem dos capuchinhos e tomou as ordens sacras em 1836, com o nome Frei Eugênio Maria. Chegou ao Brasil em 1843, a mando do Papa Gregório XVI, como missionário capuchinho. Ficou dois anos no Rio de Janeiro. Saiu do Rio e foi para Cuiabá catequizar a cidade, vilas e aldeias. Em 1856, o Major Joaquim Alves Teixeira ofereceu-se à Câmara Municipal de Uberaba para ir pessoalmente a Pitangui (MG), onde o Frei se encontrava e convidá-lo para missionar em Uberaba e aqui, construir um Cemitério. 


Chegou em Uberaba no dia 12 de agosto de 1856, abriu a Santa Missão e Iniciou a construção do cemitério que ficou pronto dentro de 02 anos. Eugênio se revelou uma pessoa calma, de educação polida, paciente, caridoso, zeloso quanto ao cumprimento de sua missão. Pessoas de regiões distantes vinham confessar com o Frei. Era despojado, vivia como pobre, com as doações dos fiéis. Nunca abandonou seu primeiro hábito com que professou na ordem franciscana. Era continuamente remendado e com ele se paramentava em variadas ações na comunidade.


Sua biblioteca era extensa e as obras variadas: escrituras sagradas, teologia, direito canônico, direito civil, filosofia, liturgia, literatura, ciência, medicina, história e geografia. Destacava-se na oratória, possuía memória prodigiosa. Diariamente escrevia as ações do dia, confissões, comunhões, batizados, casamentos, visitas a enfermos e missas. Anotava os fenômenos meteorológicos e fatos da cidade. Com a chegada de Frei Eugênio a Uberaba, vieram pessoas de outras localidades, aumentando a população e consequentemente às concessões de terras. Fizeram-se muitas casas e foram abertos mais de 17 negócios. Casais divorciados se juntaram, protestantes se converteram, se dissolveram mais de 80 concubinários, fizeram muitas restituições, reconciliaram-se inimigos.


 A Igreja em Uberaba ganhou um novo impulso. Vários oratórios e irmandades surgiram neste período. De gênio empreendedor, Frei Eugênio, não se limitou à caridade para com os mortos. Olhou para a povoação, e com espírito prático percebeu o progresso aumentar a população, anteviu a mendicância, a miséria e a precisão de abrigo para a pobreza enferma. Daí seus esforços para a construção dessa grandiosa obra – o Hospital de Misericórdia.  Conhecido e chamado por “Padre Mestre” foi considerado o maior benfeitor de Uberaba, suas ações foram sempre dirigidas para proteção e assistência aos pobres e desvalidos. Não se limitava às Missões, estabelecia melhoramentos básicos: cemitérios, hospitais, serviços de água, estradas cisternas e fossas. Promovia ao mesmo tempo assistência aos órfãos, aos índios e aos escravos.


 . Era nítida a fé e a esperança que os negros tinham em Frei Eugênio ou Padre Mestre como o chamavam. Os negros escravos vinham assistir à Santa Missa e depois recebiam uma bênção especial do Padre Mestre, que lhes ungia e colocavam em seus pescoços medalhinhas ou patuás com orações para se protegerem contra o mau.   CEMITÉRIO DE SÃO MIGUEL A construção do cemitério iniciou-se em 1856, e por volta de dois anos, o cemitério estava pronto, tendo o Frei sido auxiliado por fiéis de todas as idades e classes sociais.


Frei Eugênio não se limitou ao auxílio aos mortos. Observando o crescimento da cidade, o aumento da população, a precária situação dos pobres enfermos, baseado na Lei nº 148 de 1839, que autorizava as Câmaras Municipais a construir hospitais de caridade em seus municípios, dirigiu-se a Câmara de Uberaba e requisitou licença para construção de uma casa de caridade em um terreno denominado Largo do Rancho, hoje Bairro Nossa Senhora da Abadia, a atual Santa Casa de Misericórdia de Uberaba.


Entre 1862 e 1863, por conta da epidemia de varíola no país, às pressas foi preparada uma ala do prédio em que a construção estava mais adiantada, para receber os doentes. 


Frei Eugênio esforçou-se para dotar o hospital de recursos financeiros permanentes e gerar receitas oficiais. Lidava com a descrença de alguns dos seus importantes auxiliares, que afirmavam que ele não conseguiria terminar a Casa de Misericórdia, e se conseguisse, esta não se sustentaria por falta de verbas. 


 Tudo que foi arrecadado foi como donativo para a finalização da Santa Casa. No outro dia, à noite seu corpo foi levado à Capela de São Miguel e sepultado, vestido com o mesmo hábito que, dizia ele, tinha prestado o voto na ordem. Sobre a sepultura de Frei Eugênio foi colocada uma lápide que data de 15 de junho, dia referente ao seu sepultamento.     Sepultura do Missionário Apostólico O Rmo. Pe. Me. Fr. FREI EUGÊNIO MARIA DE GÊNOVA Falecido a 15 de junho de 1871.


  Após sua morte a Câmara Municipal em virtude de uma lei provincial elegeu uma mesa administrativa, constituiu a pessoa jurídica que deveria representar os direitos públicos da Santa Casa de Misericórdia de Uberaba. A Fazenda Pública constatou que essa mesa tentou desviar a função do hospital. Mas um “acordão” tomado em sessão da junta do Tribunal do Tesouro Público Nacional decidiu a questão em favor do hospital, mantendo a mesa administrativa, a posse dos imóveis, móveis, direitos e ações que estavam em poder do Frei Eugênio. A mesa foi eleita em 1871 e durou até 1896, mantendo o hospital.


 Depois de muitas turbulências, após 27 anos da morte de Frei Eugênio, foi finalmente inaugurada a Santa Casa de Misericórdia de Uberaba, no dia 14 de junho de 1896. Com a demolição do Cemitério de São Miguel, em 1917, seus restos mortais, foram encaminhados para o Cemitério Municipal do Brejinho, atual São João Batista e, de acordo com José Soares Bilharinho, em 1965 encaminhados para a Igreja Santa Teresinha. Frei Eugênio deixou uma vasto legado apostólico em Minas Gerais, construiu igrejas e hospitais como a Igreja de São Francisco de Assis - Pitangui, a Capela em Bonfim em Itaúna, e o Hospital da Santa Casa de Uberaba







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