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sábado, 8 de junho de 2024

Heróis da abolição de Pernambuco



José Mariano Carneiro da Cunha (1850-1912) e sua esposa, Olegária da Costa Gama (1859-1898), foram importantes líderes do Movimento Abolicionista de Pernambuco, considerados o Casal Herói da Abolição de Pernambuco.


José Mariano nasceu em família da aristocracia canavieira, no Engenho Caxangá, no município de Gameleira, atual distrito de Ribeirão, em Pernambuco, no dia 8 de agosto de 1850. Com o objetivo de estudar, Mariano foi morar no Recife e ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde graduou-se Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1870.


Seu pai, Mariano Xavier Carneiro da Cunha, era tenente-coronel da Guarda Nacional e proprietário dos engenhos Caxangá e Mangueira, em Gameleira e do engenho Jardim, em Sirinhaém. Sua mãe, Aurélia Honória Velloso da Silveira tinha entres seus antepassados importantes combatentes da Revolução de 1817 e da Revolução Praieira de 1848.


O bacharel estudou com figuras ilustres do cenário intelectual e político do Império como Rui Barbosa, Herculano Bandeira e Joaquim Nabuco, que posteriormente tornou-se seu companheiro nas campanhas abolicionistas e eleitorais no Recife da década de 1880.


Compreendendo a eficácia da imprensa para difundir projetos políticos, José Mariano fundou o jornal A Província, com filosofia abolicionista. O periódico foi o principal meio à qual seu fundador pretendia mover e alcançar seus objetivos em favor do partido liberal e no combate à escravidão. Seu primeiro número saiu em dezembro de 1872.


José Mariano ingressou na carreira política no Partido Liberal, ao lado de Afonso Olindense, João Barbalho Uchoa Cavalcanti, João Francisco Teixeira, João Ramos, José Maria de Albuquerque Melo, Luís Ferreira Maciel Pinheiro e juntos traçaram as bases do que viria a ser o Movimento Abolicionista de Pernambuco.


De acordo com Gilberto Freyre, ao longo da década de 1880, José Mariano se confraternizou com o povo de forma simples e pitoresca. Comendo sarapatel e bebendo vinho ordinário pelos quiosques, como qualquer tipógrafo ou revisor de jornal.


Um dos Principais Abolicionistas de Pernambuco, José Mariano, no dia 8 de outubro de 1884, junto com outros abolicionistas, vem a fundar a “associação secreta” “Clube do Cupim”, cujo estatuto, lançado em reunião na Igreja das Graças, dispunha de um único artigo: libertar os escravos por todos os meios. Os dezenove membros iniciais se escondiam sob os pseudônimos referentes aos nomes dos estados da federação, o de José Mariano era “Espírito Santo”. Segundo o Historiador Flávio Guerra, na casa de José Mariano, no bairro do Poço da Panela, no Recife, sua esposa Olegaria Gama Carneiro da Cunha, apelidada de “mãe dos pobres”, dava todo o apoio aos escravos fugidos das senzalas ou alforriados, muitos deles eram escondidos em barcos e levados pelo rio Capibaribe que passava no fundo da casa-grande. Muitos escravos eram levados para a Província do Ceará, que já emancipara os cativos desde o ano de 1884.  Quando José Mariano foi preso, ela assumiu a defesa dos escravos fugitivos. Conta-se que vendeu parte de suas joias de família para comprar cartas de alforria de escravos.


Essa luta teve seu fim quando em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea


Sua casa, além de abrigar escravos fugidos, também foi cenário de reuniões de organizações abolicionistas. Olegarinha reunia-se com outras senhoras favoráveis à abolição e promoviam bazares para arrecadar fundos, ou manifestações femininas, com o mesmo intuito. 


Devido às complicações de uma gripe, sua esposa Olegária da Gama Carneiro da Cunha Mariano faleceu em 24 de abril de 1898. Foi enterrada no Cemitério de Santo Amaro, no dia seguinte à morte, acompanhada por uma multidão de pessoas, que fizeram vários discursos emocionados com a sua partida.


José Mariano permaneceu nas atividades partidárias com a instauração da República, ele era contrário ao regime do segundo presidente republicano, o Marechal Floriano Peixoto.


Com a morte de sua esposa, no dia 24 de abril de 1898, José Mariano se afasta da vida pública. Em 1899, com a perda da sua fortuna e em más condições financeiras por conta da política militante, a sua retirada da política partidária se amplia. A melhoria econômica vem em 1903 quando é nomeado Oficial do Registro de Títulos, pelo Presidente Rodrigues Alves, recebendo um Cartório de Títulos e Documentos localizado na Rua do Rosário, no Rio de Janeiro e se recolhe aos afazeres notariais.


Como ainda era popular no Recife em 1912 é eleito com quase 10 mil votos deputado federal da bancada de Pernambuco pelo Partido Republicano Conservador. Poucos meses após assumir o mandato veio a falecer na capital da República.








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