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quarta-feira, 2 de outubro de 2024

IMDI-ILUM: O TIO PATINHAS DA MESOPOTÂMIA.


Imdi-Ilum, um dos primeiros comerciantes a acumular uma fortuna extraordinária na antiga Mesopotâmia, é uma figura que simboliza o auge das práticas comerciais na cidade de Assur por volta de 1900 a.C. Ele viveu em um período em que Assur se destacava como um dos centros comerciais mais importantes da região, conectando as rotas de comércio entre a Mesopotâmia e a Anatólia. Com ativos estimados em cerca de 100 kg de prata, sua riqueza era imensa para os padrões da época, o que o coloca entre os primeiros "milionários" da história.

Assur, situada às margens do rio Tigre, era a capital do Antigo Império Assírio. Por volta de 1900 a.C., ela já havia se estabelecido como um centro comercial e religioso, e sua localização estratégica facilitava o acesso às rotas comerciais que cruzavam o Oriente Próximo. Os mercadores de Assur operavam em uma vasta rede de trocas que abrangia desde a Mesopotâmia até as cidades da Anatólia, como Kanesh. Nessa época, a cidade prosperava sob a liderança de reis locais e elites comerciais, que ajudaram a transformar Assur em um polo econômico. A estrutura política da cidade permitia grande liberdade para comerciantes, como Imdi-Ilum, que se tornavam figuras influentes no cenário regional.

A fortuna de Imdi-Ilum, calculada em 100 kg de prata, era extraordinária para os padrões da época. O salário líquido anual médio de um trabalhador comum girava em torno de 100 gramas de prata, o que significa que a fortuna de Imdi-Ilum era cerca de 1.000 vezes maior do que o ganho anual de uma pessoa comum. Essa discrepância destaca não apenas o sucesso pessoal de Imdi-Ilum, mas também as enormes desigualdades econômicas da sociedade assíria.

Para ilustrar o valor moderno dessa riqueza, podemos fazer uma analogia: se assumirmos um salário líquido anual de 30.000 dólares americanos em termos atuais, a fortuna de Imdi-Ilum seria equivalente a aproximadamente 30 milhões de dólares. Essa diferença monumental entre sua riqueza e o padrão de vida comum revela a importância e o poder que os comerciantes de Assur tinham no sistema econômico assírio.

O comércio era a espinha dorsal da economia de Assur. Os mercadores assírios eram responsáveis pela importação de estanho e outros metais preciosos da Anatólia e de outros locais, em troca de tecidos, lã e produtos agrícolas da Mesopotâmia. O comércio não era apenas uma prática econômica, mas também um meio de expansão cultural e diplomática, já que criava laços entre diferentes cidades e regiões.

A prática comercial assíria era regulada pelos próprios comerciantes, que formavam guildas poderosas e influenciavam as políticas locais. O comércio de prata, em especial, desempenhava um papel central na economia. A riqueza acumulada por Imdi-Ilum, graças a sua posição dentro dessa rede comercial, o destacava como uma figura-chave, não só no contexto econômico, mas também na sociedade de Assur.

A existência de Imdi-Ilum, como outros grandes comerciantes da época, é confirmada principalmente por tabletes cuneiformes encontrados em escavações na cidade de Kanesh, na atual Turquia. Esses tabletes, datados do início do segundo milênio a.C., constituem um dos maiores acervos de textos econômicos e legais da Mesopotâmia. Mais de 20.000 tabletes foram descobertos, detalhando acordos comerciais, listas de dívidas, contratos e correspondências pessoais entre mercadores.

Nos registros de Kanesh, o nome de Imdi-Ilum aparece em vários documentos, mostrando suas interações comerciais com outros mercadores e sua participação nas transações de prata. Esses textos revelam a complexidade e sofisticação do comércio assírio e destacam a posição de Imdi-Ilum como um dos principais atores nesse sistema econômico.

Além dos tabletes, as escavações nos karum (centros comerciais) de Kanesh forneceram evidências físicas da infraestrutura comercial assíria. Os armazéns, escritórios e residências de mercadores indicam a organização e a magnitude das atividades comerciais que ocorriam entre Assur e suas colônias. Esses achados corroboram a ideia de que comerciantes como Imdi-Ilum desempenhavam papéis centrais na expansão do comércio e no acúmulo de riquezas.

Imdi-Ilum, comerciante assírio que viveu por volta de 1900 a.C., é um exemplo notável de como o comércio podia criar uma elite econômica em cidades como Assur. Sua riqueza extraordinária, acumulada por meio de redes comerciais sofisticadas que ligavam a Mesopotâmia à Anatólia, revela a importância vital do comércio para o Império Assírio. As evidências arqueológicas, especialmente os tabletes cuneiformes encontrados em Kanesh, confirmam a existência e a importância de mercadores como ele na sociedade assíria. Imdi-Ilum personifica o poder do comércio em moldar a economia e a hierarquia social da época.


FONTES:

Larsen, Mogens T. The Old Assyrian City-State and Its Colonies. Copenhagen: Akademisk Forlag, 1976.

Veenhof, Klaas R. "Old Assyrian Trade and its Terminology." Leiden: Brill, 1995.

Bryce, Trevor. The Kingdom of the Hittites. Oxford: Oxford University Press, 2005.

Imagem meramente ilustrativa, gerada por inteligência artificial.




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