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sábado, 5 de julho de 2025

Oração da Serenidade — Versão Expandida e Comentada


"Concedei-me, Senhor, a serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar..."

Aqui suplica-se por serenidade, não como simples ausência de conflito, mas como estado de alma em repouso diante do incontrolável. Na filosofia estoica, essa aceitação ecoa o conceito de amor fati — o amor ao destino —, um reconhecimento humilde de que há uma ordem superior ou misteriosa que escapa à nossa vontade.
Teologicamente, é um ato de entrega à Providência Divina, que vê além da nossa limitada visão temporal.


"...coragem para modificar aquelas que posso..."

Este trecho invoca a virtude da fortaleza, aquela que, segundo Tomás de Aquino, fortalece a alma para resistir ao mal e perseverar no bem.
É a coragem que nasce não da impulsividade, mas da consciência moral e do compromisso ético com a transformação pessoal e coletiva.
É o chamado do livre-arbítrio: se há algo que está ao meu alcance, que eu não me omita por medo, apatia ou vício.


"...e sabedoria para distinguir uma da outra."

Aqui se encontra o coração da oração.
A sabedoria — sophia, nos gregos — é mais que conhecimento: é discernimento espiritual.
É a arte de ler os sinais da vida com os olhos da alma.
Agostinho dizia que “o sábio é aquele que ama o eterno”; e neste ponto, a sabedoria é súplica por clareza, por visão penetrante, por discernimento entre a ação necessária e a aceitação inevitável.


Reflexão Final — Em tom filosófico-teológico

Essa oração, embora breve, é um mapa existencial. Ela se estrutura como um tripé:

  • Aceitação do mistério;
  • Coragem para a responsabilidade;
  • Sabedoria como farol da consciência.

É, ao mesmo tempo, um grito de humildade e um ato de resistência contra o desespero.
É uma oração que reconhece a fragilidade humana, mas não se rende a ela — pelo contrário, busca transcendê-la por meio da comunhão com o divino e do cultivo das virtudes.

Nos caminhos do vício e da recuperação, essa oração torna-se um mantra de libertação, lembrando ao ser humano que há forças além dele — mas também há forças dentro dele, que, se bem guiadas, podem transformar a dor em sentido, a queda em aprendizado, a escuridão em luz.




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