Antes do caos urbano, dos congestionamentos quilométricos e da pressa sem fim, existiu um tempo em que o Rio Tietê ainda era símbolo de vida e fluidez. Esta imagem, capturada em 1967, mostra uma São Paulo quase irreconhecível: silenciosa, espaçosa, e com margens que respiravam.
As marginais do Tietê ainda engatinhavam — pistas estreitas ladeadas por vegetação, onde carros e caminhões passavam com tranquilidade, sem a pressão da velocidade ou da multidão. O rio, visivelmente mais limpo, era protagonista da paisagem. Ao fundo, pequenas embarcações deslizam suavemente pelas águas, sugerindo um cotidiano mais calmo, talvez até ingênuo.
As estruturas de ferro que cruzam o rio revelam o elo entre duas eras: a cidade que ainda se expandia com base na ferrovia e a que se preparava para o domínio absoluto dos automóveis.
O mais impressionante é o contraste com os dias de hoje. Onde hoje existem avenidas complexas, canalizações e pistas expressas, em 1967 havia espaço para as árvores, para a margem viva e para a contemplação. Era um tempo em que o Tietê ainda não havia sido completamente sufocado pelo progresso.
Essa imagem não é apenas um registro fotográfico. É um fragmento de memória, uma janela para um tempo em que São Paulo ainda estava aprendendo a crescer — e o rio ainda corria livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário