A lâmina brilhou por um instante antes que Isabella conseguisse se mover. O homem encapuzado avançou como uma sombra, e por pouco ela desviou. O corte rasgou a madeira do cais, produzindo um estalo sinistro.
— Quem é você? — Isabella gritou, o coração acelerado, a mão direita tateando em busca da adaga escondida sob a saia.
O homem sorriu.
— Eu sou apenas um mensageiro, filha de Enrique Marquez. Mas a mensagem que trago… exige sangue.
Antes que pudesse atacá-la novamente, passos apressados ecoaram entre os barcos ancorados. Outro vulto surgiu, desta vez empunhando uma pistola. O disparo rompeu a noite. O encapuzado caiu de joelhos, um gemido abafado escapando-lhe dos lábios. Isabella arregalou os olhos — não sabia se devia sentir alívio ou medo.
O novo estranho se aproximou. Era jovem, com um porte elegante e olhos que refletiam tanto perigo quanto charme. Retirou o capuz do homem ferido e, olhando para Isabella, murmurou:
— Ele não estava mentindo. Agora, não há mais volta. Você já faz parte disso.
Isabella, ainda em choque, se ajoelhou diante do encapuzado agonizante. Ele tossiu sangue e segurou o braço dela com força inesperada. Sua voz, embora fraca, carregava um peso mortal:
— A serpente se erguerá… e quando devorar sua própria cauda, o mundo verá quem realmente você é…
Os olhos dele se apagaram. O corpo caiu inerte.
O jovem elegante guardou a pistola e estendeu a mão a Isabella.
— Se quer respostas, venha comigo.
Isabella hesitou. Cada instinto gritava para fugir, mas sua alma — a mesma que herdara do pai explorador — exigia seguir adiante. Segurou a mão dele.
Foram até uma carruagem à sombra do porto. O interior era luxuoso demais para um simples viajante. Ali, Isabella percebeu o anel dourado no dedo dele, gravado com o mesmo símbolo da carta: a serpente devorando a própria cauda.
— Quem é você? — perguntou, fixando o olhar em seus olhos.
Ele sorriu, mas havia algo frio por trás daquele sorriso.
— Meu nome é Adrian Valmont. E, Isabella, você é a herdeira de uma guerra que começou séculos atrás.
Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
— Guerra? Que guerra?
Adrian aproximou-se, a voz baixa, quase um sussurro:
— A guerra entre aqueles que controlam o mar… e aqueles que habitam as trevas dele.
Isabella mal teve tempo de reagir. A carruagem sacudiu violentamente, como se algo colossal tivesse atingido suas rodas. Gritos ecoaram lá fora. O cocheiro foi arremessado ao chão.
Um rugido ecoou da escuridão. Não era humano. Não era animal. Era algo antigo, impossível de descrever.
Isabella puxou sua adaga, o coração disparado. Adrian, ao invés de medo, parecia fascinado.
— Ele veio atrás de você… mais rápido do que pensei.
Do lado de fora, tentáculos enormes começaram a se erguer entre os prédios do porto, como se o próprio abismo tivesse saído para caçá-la.
E no meio do caos, Isabella ouviu novamente aquela palavra, como um sussurro no vento:
— Traição.
Próximo capítulo: O Segredo do Anel
Isabella conhecerá o mundo subterrâneo da Ordem da Serpente, descobrirá mais sobre Adrian e será obrigada a fazer escolhas que colocarão sua vida — e seu coração — em perigo.
Veja também o capítulo 1:
https://fabioinocente.blogspot.com/2025/07/as-aventuras-de-isabella-capitulo-1.html?m=1
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