Nos séculos passados as mulheres sofreram com a cobiça masculina de diversas formas.
Mas, quando o assunto é mutilação ou fetichismo isso é ainda mais triste e o que é pior, são tradições seculares que muitas das vezes nem mesmo a mulher, acha que é uma atitude machista ou mesmo tendo sofrido tal violência, permite passar as gerações seguintes como hábitos normais e saudáveis. Que dizer?
Na China os pezinhos minúsculos deformaram diversas mulheres e as aleijaram.
O poeta, calígrafo, escritor de prosa, pintor e orador, admirando a beleza dos lótus dourados, como ele chamava esse fetiche sexual na China, escreve:
"Olhe para os pés delas, pequenos como um bebê; não há palavras para descrevê-los."
Mas muita gente acha que a tradição dos minúsculos pés confundido com o das Gueixas começou na Podolatria que é o fetiche de ver os pés como despertador da libído sexual, mas no entanto, essa tradição muito anterior era o que definia a posição da mulher em sociedade. Quanto mais abastada sua família era, menor seus pés tinham que ser.
Essa tradição começou por volta de 935 d.C, e permaneceu até o final do século XX. Os chamados pés de Lótus eram assim chamados pois eram enrolados desde o nascimento em tecido para parecerem um botão de lótus fechado. Bem amarrados de forma que as impediam de andar. Por tanto uma prática somente para os Ricos que podiam ser carregados.
Inicialmente, esse hábito era comum somente entre a elite rica da China, já que as graves deformações dificultavam o andar e a realização das atividades cotidianas. Além disso, ter uma esposa e várias concubinas com pés minúsculos era um fator determinante no alto status social de um homem que tinha condições de sustentá-las e tinha servos pra isso.
Acreditava-se que os pequenos passinhos permitidos pelos pezinhos, contraíam a musculatura interna das coxas e da pélvis, deixando a mulher mais "tonificada" sexualmente. Fora isso, uma mulher, com deficiência física e limitada na capacidade de realizar várias atividades livremente, principalmente caminhar, era totalmente dependente do homem. Isso a tornava seu brinquedo sexual vivo.
(Lembrei de uma paciente que se atraía só por cadeirantes pois afirmava que assim ela controlava onde eles iam, olhem até onde vai a mente humana quando pensa que amor é controle? )
A partir do século XVII, houve a tentativa ineficaz de proibição da prática pelo imperador Kang, sem sucesso.
A proibição de restrições para os pés não foi introduzida até 1912 após a fundação da ROC, mas a abolição total dessa prática bárbara veio após o estabelecimento da ROC do Povo em 1949.
É chocante que os homens durante séculos, encantados e obtendo prazer e satisfação sexual nos lótus dourados, ao mesmo tempo, não percebiam o quanto as mulheres sofriam por causa disso. O mestre da poesia chinesa, Su Shi, descreve-o de forma pungente em:
"Revestidos de um perfume perfumado, os pés desenham uma flor de lótus”
E Era o que pareciam os sapatos, pequenas flores de lótus fechadas e os pés não passavam de 10 cms.
A amarração e limitação dos pés causavam fraturas e deformidades do Metatarso irreversíveis.
O procedimento em si era bastante brutal – as unhas eram cortadas antes de os pés serem mergulhados em água quente ou em uma mistura de ingredientes (combinação de várias ervas, castanhas e urina e sangue animal quente) a fim de amaciar o tecido envolto.
Depois, os pés eram massageados e ensopados com alume, um tipo de mineral. Em seguida, os dedos a partir do dedão eram quebrados um a um e dobrados sob a sola antes de todo o pé ser enrolado com um tecido bem apertado.
Vez ou outra, o arco dos pés também quebravam, o que permitia que eles ficassem retos como continuação das pernas.
No Século XX, o hábito permaneceu e se espalhou como modismo nas classes menos abastadas também, afinal, parecia-lhes que as mulheres dos Imperadores e Ricos eram mais felizes e assim, a tradição seguiu mutilando mulheres pela ideia machista e sexista.
Segundo Stein, o site "Hipercultura": Na China as garotas que amarravam seus pés e os mutilavam não possuíam uma vida confortável, mas logo foram aproveitadas na indústria textil, pois cumpriam uma carga de trabalho muito alta, visto que podiam ser exploradaa pois tinham funções que permitiam que permanecessem sentadas e executasse suas tarefas por várias horas pois não se locomoviam para outras funções. Elas eram exploradas produzindo os fios, os panos, as esteiras, os sapatos e as redes de pesca das quais as famílias da comunidade retiravam seu sustento. As mulheres eram ensinadas que isso as ajudariam arranjar um bom casamento e alcançar a felicidade.
Texto de Izabelle Valladares
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