Vejam o depoimento que o apresentador postou em suas redes sociais:
O ÚLTIMO DA RUA SEVILHA
Quando a dona dele morreu, a filha dela o colocou para fora de casa. Na época eu ainda morava na mesma casa que nasci em Santo André. E ele foi lá no meu quintal buscar abrigo. Meu pai e irmã eram vivos ainda. Nós o adotamos. Tínhamos outros animais em casa (incluindo eu) mas esse era muito especial para mim. Ele era caolho. Mas me via chegar de longe. Sempre que eu chegava ele ia no portão me esperar. Quando eu ia na padaria ele ia junto. Os vizinhos diziam que ele até parecia um cachorro. Mas ele tinha preguiça de miar – imagina de latir. Ele parecia um macaco também. Pulava no meu ombro sempre que eu entrava em casa e não se importava se eu andava ou corria. Ele ficava muito à vontade em volta do meu pescoço. Era um echarpe de pele – vivo!
O tempo passou. Meu pai e irmã se foram. Os outros animais do meu quintal também. E ele ia dormir comigo sempre que eu acordava com um a menos em casa. Ele continou firme e forte ao meu lado – apesar da idade avançada. Me arrisquei. Fui pra São Paulo apresentar meus textos em bares, conheci uma porção de pessoas, fiz novos amigos e encontrei muitas oportunidades que jamais imaginei que se apresentariam para um cara como eu. As coisas mudaram. Mudei de casa. De cidade. Minha vida inteira mudou. Mais de uma vez. E ele me esperou no portão durante toda essa caminhada. Ele estava lá quando tudo deu errado. E continuou lá quando tudo começou a dar certo. Ele ia todo dia no portão me fazer lembrar como as coisas no final podem dar certo mesmo que antes tenham dado muito muito muito errado. Ele era um elo vivo entre a época que perdi algo insubstituível e essa outra que construo algo novo. Ele permaneceu vivo e forte comigo durante todo esse período.
Só até hoje.
Meu gato morreu
Nenhum comentário:
Postar um comentário