O Marechal José Bernardino Bormann (1844-1919) foi um militar, historiador, escritor, jornalista e político gaúcho.
Filho de pai alemão, Wilhelm Bormann (vindo ao Brasil para participar do Corpo de Estrangeiros de D. Pedro I) e de mãe gaúcha, era o décimo filho do casal.
Em 1862 aos dezoito anos de idade alistou-se no Exército brasileiro, valendo-se de uma certidão do irmão mais velho. Participou da Guerra contra Aguirre, no Uruguai. Em 1865 partiu para a Guerra do Paraguai, no 5º Batalhão de Voluntários da Pátria, tomando parte do sítio de Uruguaiana e em outras batalhas importantes como o combate da ilha da Redenção, no rio Paraná, em 1866, e ataque de Curupaiti, naquele mesmo ano, em que foi gravemente ferido. Comandou uma bateria de artilharia, do regimento de Mallet, composta de alemães brummer. Ainda durante a campanha do Paraguai foi promovido a segundo-tenente em 18 de janeiro de 1868, e recebeu por bravura, sobretudo na batalha de Avaí, travada em 11 de dezembro daquele ano, a promoção a primeiro-tenente em 20 de fevereiro de 1869, com antiguidade a contar da data do embate. Participou da campanha até 3 de novembro de 1869, destacando-se pela assistência humanitária que prestou a irmãos de armas atacados de cólera.
Terminada a guerra, foi ajudante de ordens do marechal Duque de Caxias, tendo o acompanhado em viagem à Europa.
Ao regressar da Europa, foi designado, em 1880, para fundar a Colônia Militar de Chapecó, também conhecida como Colônia de Xanxerê. Instala a colônia em 14 de março de 1882, chegando à área com um destacamento militar. Lá convidou os caboclos da região para que se instalassem no perímetro da colônia, conseguindo atrair quarenta famílias. Em 1884 já eram 58 casas, chegando a 74 um ano depois, com 196 habitantes, sem contar os soldados. Foi a única colônia de Santa Catarina formada com famílias caboclas da própria região, sem a participação de imigrantes europeus. Em 1893, a colônia possuía igreja, armazém, serraria a vapor, tipografia, telégrafo, onze edifícios públicos e 124 casas de colonos. Bormann permaneceu como diretor desta colônia por dezessete anos. Atuou como desbravador de terras e demarcador de fronteiras desta região. Também fundou o primeiro jornal da região, o Chapecó.
Após a proclamação da República em 15 de novembro de 1889, por merecimento pelos
serviços prestados durante a implantação do novo regime, foi promovido a tenente-coronel
em 7 de janeiro de 1890. Promovido a coronel graduado em 18 de março de 1892, tornou-se efetivo em 30 de dezembro de 1893.
Pouco antes, em 6 de setembro daquele ano, iniciou sua participação na repressão à Revolução Federalista, que fora deflagrada em fevereiro no Rio Grande do Sul e se estendia pelos estados vizinhos. O governo republicano interveio na contenda enviando tropas federais para a região. Membro dessas forças, o coronel Borman atuou no conflito até 16 de abril de 1894, destacando-se nos combates travados em Santa Catarina. Após o falecimento de Maria Benedita Borman Câmara de Lima, em 1895, contraiu segundas núpcias com Ana Vera Monteiro Nogueira. Não teve filhos de nenhum dos dois matrimônios.
Destacado historiador do Exército, escreveu várias obras sobre as campanhas do Sul que
fornecem subsídios para a história diplomática. Também foi romancista. Publicou O
marechal duque de Caxias (1880); Fotografia militar (1880); História da Guerra do
Paraguai (1897); Dias fratricidas: memórias da Revolução Federalista no estado do
Paraná (1901); A Campanha do Uruguai (1907); Rosas e o exército aliado (1912); A
batata de Leipzig (1914); Campanha de 1851-52 (1916); Os amores de D. João III de
Portugal, romance histórico, e Dona Mariquinha de Passo do Carneiro. Além desses
livros, publicou os seguintes artigos e palestras: De Caxias a Mitre e Guerra do Paraguai
(em A República, de Curitiba, 1903, com o pseudônimo de B. de Marbon); Apontamentos
sobre a fotografia e sua aplicação no Depósito de Guerra em França (na Revista de
Engenharia); Guerra do Paraguai (no 1.º Congresso de História Nacional); A marcha do
Exército de Caxias até Assunção. Operações combinadas de esquadra (na História Militar
do 1.º Congresso de História Nacional); O marechal duque de Caxias, traços biográficos
(introdução e discurso publicados em O Cruzeiro, sob o pseudônimo de Wilagran Cabrita,
na Homenagem póstuma a duque de Caxias); e Planta da picada da Vila da Palmeira ao
Porto União. Traduziu, ainda, obras de caráter militar.
É patrono da cadeira nº 4 da Academia de Letras
do Paraná, e da cadeira nº 31 do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.
Faleceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 1º de junho de 1919.
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