Capítulo 3 - O Salão Proibido
Os passos no andar de cima cessaram. Um silêncio tenso pairou no ar, pesado como a névoa que envolvia a casa. O cocheiro segurou o envelope com força, sentindo o suor frio escorrer pela nuca.
Foi então que percebeu a porta dupla no fim do corredor.
Diferente do restante da casa em ruínas, aquelas portas de madeira escura estavam intactas, com entalhes detalhados e maçanetas de ferro trabalhadas. Uma fresta de luz pálida escapava pelo vão entre elas, pulsando suavemente, como se a sala respirasse.
Ele deu um passo hesitante. Os retratos nas paredes pareciam observá-lo, olhos antigos presos em molduras douradas, desgastadas pelo tempo. Eram figuras desconhecidas, homens sérios, vestidos com ternos formais do século passado. Mas um detalhe o arrepiou: todos pareciam ter a mesma expressão – um olhar de advertência.
Ele estendeu a mão trêmula para a maçaneta. Quando a tocou, um arrepio percorreu seu corpo, como se tivesse sido observado de perto. O silêncio da casa era absoluto.
Com um leve empurrão, as portas se abriram sozinhas.
O cocheiro sentiu o coração acelerar. A sala era gigantesca, revestida de painéis de madeira escura e iluminada apenas por candelabros de velas derretidas. No centro, uma mesa comprida estava posta, como se esperassem convidados. Cadeiras estavam alinhadas, e em cada lugar havia um nome gravado no encosto.
Seu próprio nome estava ali.
O medo lhe trancou a garganta. Mas antes que pudesse reagir, a porta atrás dele se fechou com um estrondo.
E então, uma voz cortou o silêncio:
— Você finalmente chegou. Estávamos esperando por você.
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