Os Lícios foram um povo da Antiguidade que habitou a região da Lícia, no sudoeste da Anatólia, onde hoje fica a Turquia. Essa civilização se destacou por sua cultura peculiar, sua resistência à dominação estrangeira e sua organização política avançada. Eles aparecem em diversas fontes antigas, incluindo textos hititas, egípcios e gregos, sendo conhecidos por sua bravura e independência.
A origem dos Lícios remonta ao segundo milênio a.C., quando foram mencionados em inscrições hititas sob o nome de “Lukka”. Durante esse período, a Lícia fazia parte da complexa rede de reinos da Ásia Menor. Eles também aparecem em registros egípcios, onde foram identificados como um dos Povos do Mar que invadiram o Mediterrâneo no final da Idade do Bronze.
Os Lícios tinham uma organização política única para a época: uma federação de cidades-estado, chamada Liga Lícia. Esse modelo político inspiraria, séculos depois, sistemas de governo na Grécia e em Roma. Entre as cidades mais importantes estavam Xanthos, Patara e Myra. A Liga Lícia funcionava como uma confederação democrática, com representantes das cidades reunindo-se para tomar decisões em conjunto, algo incomum entre os povos da Antiguidade.
Culturalmente, os Lícios desenvolveram um estilo arquitetônico próprio, caracterizado por tumbas escavadas em rochas e sarcófagos monumentais. Essas sepulturas, esculpidas em falésias e montanhas, eram adornadas com relevos detalhados e inspiradas na arquitetura de suas casas e templos. Algumas das mais impressionantes ainda podem ser vistas hoje, como as Tumbas de Xanthos, que são Patrimônio Mundial da UNESCO.
Os Lícios também tinham um idioma próprio, o lício, que utilizava um alfabeto derivado do grego e de sistemas locais. Seu panteão era influenciado por divindades hititas, gregas e locais, e entre seus principais deuses estavam Trqqas (possivelmente equivalente a Zeus) e Letoon, o santuário dedicado à deusa Leto.
Ao longo dos séculos, a Lícia foi disputada por diversas potências estrangeiras. Os Persas a incorporaram ao seu império no século VI a.C., mas os Lícios continuaram gozando de certa autonomia. Mais tarde, resistiram bravamente à conquista macedônica sob Alexandre, o Grande, e posteriormente foram integrados ao domínio romano, mantendo sua identidade cultural até a completa romanização da região.
Os Lícios deixaram um legado importante na história do Mediterrâneo, especialmente em sua organização política e suas impressionantes construções funerárias, que ainda hoje impressionam arqueólogos e visitantes.
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