Capítulo 7 - A Mulher dos Olhos de Gelo
O cocheiro tentava controlar a respiração. O sangue de Antônio ainda escorria na terra úmida quando passos suaves cortaram o silêncio da noite.
Do outro lado da arcada, uma mulher surgiu.
Seu vestido prateado brilhava à luz das velas, e seus olhos eram de um azul intenso, quase gélido. Ela segurava um telefone junto ao ouvido, mas sua atenção estava fixada nele.
O cocheiro recuou um passo, ainda em choque.
— Você demorou — disse ela, com a voz suave, mas carregada de algo indecifrável.
Ele abriu a boca para perguntar quem ela era, mas as palavras falharam.
A mulher deslizou até ele, sentando-se em uma cadeira que não deveria estar ali. Sobre a mesa, dois sanduíches estavam perfeitamente servidos, como se esperassem alguém.
— Coma. — Ela apontou para o prato.
— Quem é você? — ele conseguiu balbuciar.
Ela inclinou a cabeça, os lábios ligeiramente entreabertos, como se achasse sua pergunta fascinante.
— Alguém que pode ajudá-lo. Mas você precisa confiar em mim.
O cocheiro sentia o peso da noite e do sangue recém-derramado. Mas algo nele sabia que essa mulher não estava ali por acaso.
Ela pegou um dos sanduíches, deu uma mordida delicada e sorriu.
— Há muito mais em jogo do que você imagina.
Os olhos dela brilharam, e, naquele instante, ele soube.
Ela não era apenas uma desconhecida.
Ela era parte daquilo tudo.
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