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domingo, 16 de março de 2025

A descoberta da insulina: Um dos momentos mais incríveis da medicina

A descoberta da insulina foi um dos avanços mais revolucionários da medicina, transformando o diagnóstico do diabetes tipo 1 de uma sentença de morte para uma condição tratável. Antes da insulina, o diabetes mellitus (particularmente o tipo 1) levava a uma rápida deterioração da saúde, causando cetoacidose diabética e, eventualmente, a morte. Os médicos tentavam controlar a doença com dietas extremamente restritivas, que apenas retardavam o inevitável.

Os primeiros estudos sobre o pâncreas e o diabetes

O papel do pâncreas no metabolismo do açúcar começou a ser estudado ainda no século XIX. Em 1869, Paul Langerhans, um médico alemão, descobriu pequenos agrupamentos de células dentro do pâncreas, que mais tarde foram chamados de Ilhotas de Langerhans. Em 1889, os pesquisadores alemães Oskar Minkowski e Joseph von Mering demonstraram que a remoção do pâncreas em cães levava rapidamente a sintomas de diabetes. Eles concluíram que o órgão produzia uma substância essencial para o metabolismo da glicose.

Nos anos seguintes, diversos cientistas tentaram extrair essa substância misteriosa, mas enfrentaram dificuldades em purificá-la sem que perdesse sua eficácia. Foi apenas no início da década de 1920 que a descoberta definitiva aconteceu.

A descoberta da insulina (1921-1922)

Em 1921, o cirurgião canadense Frederick Banting, inspirado por artigos científicos da época, teve a ideia de isolar a substância produzida pelo pâncreas que controlava a glicose no sangue. Ele propôs sua teoria ao renomado fisiologista John Macleod, da Universidade de Toronto, que lhe forneceu um laboratório e a ajuda do estudante Charles Best.

Banting e Best realizaram experimentos com cães, removendo o pâncreas para induzir o diabetes e, em seguida, injetando um extrato de ilhotas pancreáticas, que restaurava os níveis de glicose no sangue dos animais. Isso provou que a substância, que mais tarde seria chamada de insulina, era eficaz no controle do diabetes.

No final de 1921, o bioquímico James Collip se juntou à equipe para ajudar a purificar o extrato de insulina para testes em humanos.

Primeira aplicação em humanos

Em 11 de janeiro de 1922, o primeiro paciente humano recebeu a insulina: Leonard Thompson, um garoto de 14 anos em estado crítico devido ao diabetes. A primeira injeção teve poucos efeitos porque o extrato ainda não era puro o suficiente. Após ajustes feitos por Collip, uma segunda injeção foi administrada em 23 de janeiro, e os resultados foram extraordinários: os níveis de glicose no sangue de Leonard caíram drasticamente, e sua saúde melhorou rapidamente.

A descoberta foi um sucesso imediato, e médicos ao redor do mundo começaram a utilizar a insulina para tratar pacientes diabéticos.

Reconhecimento e impacto mundial

Em 1923, Banting e Macleod ganharam o Prêmio Nobel de Medicina. Banting, que acreditava que Charles Best merecia mais reconhecimento, decidiu dividir seu prêmio com ele. Da mesma forma, Macleod compartilhou sua parte com James Collip.

A insulina passou a ser produzida em larga escala por empresas farmacêuticas, primeiramente a partir de pâncreas de bois e porcos. Em 1955, o cientista Frederick Sanger determinou a estrutura da insulina, o que abriu caminho para a produção sintética. Em 1978, a primeira insulina humana recombinante foi produzida por engenharia genética pela Genentech, utilizando bactérias modificadas para fabricar a proteína.

A insulina hoje

Atualmente, existem diversas formulações de insulina, desde versões de ação rápida até as de ação prolongada, proporcionando um controle mais eficaz do diabetes. Além disso, novos tratamentos, como bombas de insulina e sensores de glicose contínuos, continuam melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

A descoberta da insulina é um dos maiores exemplos de como a ciência pode transformar a vida humana, salvando milhões de pessoas ao redor do mundo e revolucionando o tratamento do diabetes.





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