"Os Estados Unidos estabeleceram relações diplomáticas com Império do Brasil em 26 de maio de 1824, quando o presidente James Monroe recebeu diplomata José Silvestre Rebello, como Encarregado de Negócios do Brasil junto aos Estados Unidos.
A princípio existia uma relação amigável entre o Brasil e os Estados Unidos, apesar de cautelosa e distante, sustentada pelo fato de que os EUA
foram um dos primeiros países a reconhecer aIndependência do Brasil.
Muitos políticos americanos acreditavam que a existência do Império do Brasil era uma ameaça a Independência do continente americano da influência das Monarquias Européias, e que o Imperador Dom Pedro I seria um agente do "colonialismo português" e portanto era uma obrigação moral de Washington, apoiar todos os movimentos separatistas no Brasil.
Graças aos esforços de José Silvestre Rebello, os incidentes envolvendo o apoio dos americanos as Revoltas em Pernambuco e na Cisplatina, não resultaram em um conflito armado ou no rompimento das relações Diplomáticas entre Washington e Rio de Janeiro.
Na década de 1850, ocorreu outro litígio relacionado ao plano norte-americanode ocupação da Amazônia, e nasceuuma tensão. Era de interesse
estadunidense a abertura do Amazonas para que os escravos emterritório norte-americano fossem
deportados.
A negativa do Brasil aos Estados Unidos manteve-se firme até o fim e, com intuito de evitar qualquer efetivação desse plano, o Império
brasileiro tomou diversas medidas até a aberturaunilateral e sem risco de 1866, útil emmeio à guerra que se sustentava no suldo Brasil
Mesmo com o conflito acerca da Amazônia, o Brasil apresentava certa dependência dos Estados Unidos aofinal do Período Imperial. Isso porque,
grande parte do processo de modernização realizado até aquele momento foi sustentado pelo
comércio bilateral com os EUA. Nesse período o reinado de Dom Pedro II foi favorável à imigração de brancos norte americanos para a região sudeste a partir de década de 1870
O Brasil, única monarquia duradoura do continente americano e os Estados Unidos da America que se tornara uma das duas mais poderosas, ricas e influentes repúblicas do mundo (a outra sendo a França) tinham mantido, durante 65 anos, relações que excetuados uns poucos casos de desentendimento, devidos mais a problemas de personalidade do que a divergências de fundo – foram marcados por cordialidade e mútuo respeito.
O imperador Dom Pedro II havia visitado os Estados Unidos em 1876 e se tornou simpático ao povo norte-americano, o que abriu benefícios políticos na efetivação de um tratado comercial bilateral
"O ato do Império do Brasil em abolir os últimos vestígios da Escravidão entre as Nações Cristãs, traz as mais calorosas congratulações da Republica dos Estados Unidos a essa nação que agora é a mais importante e próspera da América do Sul"
O Discurso do Presidente Americano Grover Cleveland ao congresso de Washington, parabenizando o Brasil pela Lei Áurea em 1888 fazia parte de sua estratégia de estabelecer boas relações comerciais com o Império Sul Americano e expandir a influência americana para além da América do Norte.
Em 1887, o Presidente Cleveland enviou um telegrama ao Imperador Dom Pedro II o alertando sobre a importância de estabalecer um Tratado Comercial entre as duas nações, para diminuir a influência da Inglaterra na economia Brasileira. A ideia do tratado era reduzir drasticamente os impostos da alfândega dos produtos de exportação nos portos americanos e brasileiros. O Imperador gostou da ideia e pediu que o ministério Cotegipe avaliasse seu potencial, porém a ideia foi rápidamente rejeitada.
Os políticos e diplomatas do Império percebiam que os Estados Unidos estavam consolidando um subsistema de poder no continente americano e, por isso, reagiram desfavoravelmente às iniciativas que pudessem tolher a liberdade de ação do país.
Ex-republicano e anti-americanista, o Diplomata Lafaiete Pereira, via a ideia de uma aliança com os EUA com desconfiança pois temia que o Brasil fosse influenciado por mais idéias republicanas e usado como instrumento da doutrina Monroe: “O Brasil não tem interesse em divorciar-se da Europa; bem ao contrário, convém-lhe conservar e desenvolver as suas relações com ela, quando mais não seja para estabelecer um equilíbrio exigido pela necessidade de manter a sua forma atual de Governo."
A desconfiança Brasileira acaba com proclamação da república em 1889, e Lafaiete Rodrigues foi substituído por Salvador de Mendonça no congresso Pan Americano. Quintino Bocaiuva, ao assumir a pasta do ministério, autorizou Salvador de Mendonça a dar “espirito americano” às instruções provenientes do regime anterior, dando Origem ao Tratado "Mendonça Blaine"
A instauração da República inaugurou uma nova fase, marcada por ampla cordialidade e entendimento. Para os norte-americanos afigurou-se o ensejo de aumentar sua influência sobre o Brasil, até então ligado ao concerto europeu, mais exatamente a Grã-Bretanha, em razão dos interesses financeiros e comerciais.
Nesse contexto de confraternização, Quintino Bocaiuva sondou a possibilidade de se firmar uma “aliança íntima” com os Estados Unidos, quase quebrando a tradição – que se manteve ao longo do período americano – de não obrigar o país com tratados dessa natureza.
Ademais, o propósito de “republicanizar” o Brasil Império , evidenciado no Manifesto Republicano de 1870 - o qual defendia a afirmação de que “somos da América e queremos ser americanos”, configurou-se comoum outro importante fator de
aproximação entre os dois Estados."
Fonte: A diplomacia da americanização de Salvador de Mendonça (1889-1898)/Close Encounters of Empire: Writing the Cultural History of U.S.-Latin american relations/ O Lugar dos Estados Unidos na Política Externa Brasileira entre 1822 e 1985
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