Capítulo 5 - O Livro e a Vela
O cocheiro acordou com o som distante da chuva contra a janela. A cabeça latejava, e por um instante ele não soube onde estava.
Lentamente, seus olhos se ajustaram à penumbra do cômodo. Havia uma mesa simples de madeira diante dele, e sobre ela, um livro fechado e uma vela acesa. A luz fraca tremulava, lançando sombras nas paredes nuas.
Ele não se lembrava de ter chegado ali.
O último instante gravado em sua memória era o olhar incandescente de Antônio Mendes de Souza e o nome desconhecido na cadeira. Depois disso… apenas um vazio.
Seu instinto dizia que o livro era a chave. Com mãos trêmulas, ele o abriu.
As páginas eram amareladas, escritas com uma caligrafia elegante e antiga. Ele folheou rapidamente, tentando compreender, até que seus olhos pousaram em uma passagem marcada:
"Aquele que se senta à mesa deve aceitar seu papel. Mas nem todos aceitam o chamado. E aqueles que recusam… pagam o preço.”
O coração do cocheiro martelou no peito.
Antes que pudesse reagir, a vela piscou, quase se apagando. Uma brisa gélida percorreu o ambiente, e ele sentiu a presença de alguém.
Lentamente, ergueu o olhar.
Na janela, o reflexo de uma figura encapuzada o observava.
Ele não estava sozinho.
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