1. O ensino da retórica na Grécia Antiga:
A retórica era uma das principais disciplinas ensinadas nas escolas, especialmente no período clássico (século V e IV a.C.). Era vista como essencial para a vida pública, já que os cidadãos precisavam saber argumentar bem para participar nos tribunais, na política e nos debates públicos.
- Sofistas: Antes de Aristóteles, os sofistas (como Protágoras e Górgias) já ensinavam retórica como arte de persuasão. Eles ofereciam cursos pagos e eram muito procurados por jovens que queriam sucesso público.
- Método: A retórica era ensinada de maneira prática, com exercícios de composição e declamação. Os alunos aprendiam a criar discursos sobre temas fictícios ou reais, desenvolvendo habilidades para defender qualquer ponto de vista.
2. Aristóteles e a sistematização da retórica:
Aristóteles (384–322 a.C.) foi fundamental porque elevou a retórica a uma ciência. Seu tratado "Retórica" (escrito por volta de 330 a.C.) analisou a arte de persuadir com base lógica e ética, não apenas como uma técnica de manipulação.
- Definição: Para Aristóteles, retórica é "a faculdade de descobrir em cada caso os meios de persuasão disponíveis".
- Três tipos de discursos:
- Deliberativo (sobre decisões futuras, comum na política),
- Judicial (sobre acusações ou defesas, comum nos tribunais),
- Epideíctico (discursos de louvor ou crítica, típicos em cerimônias).
- Três modos de persuasão:
- Ethos (credibilidade do orador),
- Pathos (emoção do público),
- Logos (argumentação lógica).
Aristóteles também estruturou o discurso em cinco partes: introdução, exposição, argumentos, refutação e conclusão.
3. O ensino nas escolas romanas:
Posteriormente, os romanos adotaram e adaptaram o ensino da retórica. Nas escolas de gramática e depois nas de retórica, jovens como Cícero e Quintiliano estudavam profundamente essa arte. Quintiliano, em seu livro "Institutio Oratoria", definiu o orador ideal como "um homem bom que fala bem" (vir bonus dicendi peritus), valorizando também a moralidade do orador.
4. Importância social e política:
A retórica não era só para advogados e políticos; fazia parte da formação cultural completa. Um cidadão educado deveria saber usar a palavra com eficácia. Ela era considerada parte da paideia (educação integral).
5. Retórica medieval e renascentista:
Na Idade Média, a retórica foi preservada no trivium (gramática, lógica e retórica) das escolas monásticas e catedrais. No Renascimento, houve um grande retorno aos clássicos, e a retórica voltou a ganhar destaque, especialmente com o humanismo.
Resumo geral:
- Ensino prático e teórico, com muita ênfase em discursos.
- Aristóteles sistematizou a retórica como arte racional e ética.
- A retórica era central para a formação cívica e cultural.
- Evoluiu de sofistas a grandes nomes como Aristóteles, Cícero e Quintiliano.

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