Em um mundo prestes a ser consumido pelas chamas da Segunda Guerra Mundial, duas potências totalitárias — Alemanha Nazista e Itália Fascista — firmaram uma aliança militar que moldaria os rumos do conflito global. Chamado de Pacto de Aço (Pact of Steel), esse acordo selado em 1939 não foi apenas uma promessa de cooperação: foi um compromisso ideológico, político e militar que refletia ambições expansionistas, afinidades totalitárias e uma visão comum de dominação. O pacto preparou o cenário para anos de violência, traição e destruição em massa.
Contexto Histórico
No final da década de 1930, a Europa estava em ebulição:
- A Alemanha, sob Adolf Hitler, já havia rasgado o Tratado de Versalhes ao remilitarizar a Renânia (1936), anexar a Áustria (Anschluss, 1938) e ocupar os Sudetos da Tchecoslováquia (1938).
- A Itália, governada por Benito Mussolini, tentava projetar seu poder imperial com invasões como a da Etiópia (1935-1936) e a intervenção na Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
Ambos os regimes partilhavam valores fascistas, nacionalistas e anticomunistas, além de um desejo por expansão territorial.
Assinatura do Pacto
- Data: 22 de maio de 1939
- Local: Berlim, Alemanha
- Signatários principais:
- Joachim von Ribbentrop (Ministro das Relações Exteriores da Alemanha)
- Galeazzo Ciano (Genro de Mussolini e Ministro das Relações Exteriores da Itália)
Termos do Acordo
O Pacto de Aço consistia em três partes principais:
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Cláusula de Assistência Mútua:
Ambas as nações concordavam em prestar apoio militar uma à outra no caso de guerra, seja ofensiva ou defensiva. -
Cooperação Militar e Econômica:
As partes comprometiam-se a alinhar suas políticas militares e econômicas, além de manter consultas frequentes entre os Estados-Maiores de ambos os países. -
Propaganda e Cultura:
Um artigo menos discutido tratava da unificação de esforços propagandísticos para promover as ideologias fascistas, tanto internamente quanto internacionalmente.
Importante: Embora o pacto previsse a entrada de ambos em guerra conjunta, a Itália não estava preparada militarmente em 1939, o que criou tensões logo após a invasão alemã da Polônia.
Consequências Imediatas
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Alinhamento Formal do Eixo:
O pacto solidificou o "Eixo Roma-Berlim", dando base ideológica e militar ao que mais tarde incluiria o Japão na Triplice Aliança (Pacto Tripartite) de 1940. -
Confiança para a Invasão da Polônia:
O pacto deu a Hitler a confiança de que teria ao menos um aliado europeu forte ao iniciar a guerra em setembro de 1939. -
Divergências Estratégicas:
Mussolini não foi informado da iminente invasão da Polônia. A Itália alegou "não beligerância" até 1940, criando um desequilíbrio na aliança logo no início da guerra.
Desenvolvimento Durante a Guerra
- A Itália só entrou na guerra em junho de 1940, quando a França já estava prestes a ser derrotada — uma jogada oportunista de Mussolini.
- A aliança revelou-se frágil: a Alemanha tratava os italianos como parceiros menores, e os fracassos militares da Itália (na Grécia, no Norte da África, etc.) reforçaram essa percepção.
- Em 1943, com a queda de Mussolini e a rendição da Itália, o pacto foi efetivamente quebrado. A Alemanha ocupou grande parte do território italiano.
Legado Histórico
O Pacto de Aço é lembrado como:
- Um símbolo da união entre duas das ditaduras mais brutais do século XX;
- Um dos primeiros passos para a formalização do Eixo na Segunda Guerra Mundial;
- Um exemplo clássico de alianças baseadas em ideologia e conveniência, mas não necessariamente em confiança ou capacidade mútua.
Curiosidades
- O nome original do pacto em alemão era “Pakt der Freundschaft und Allianz zwischen Deutschland und Italien” (Pacto de Amizade e Aliança entre Alemanha e Itália), mas Mussolini insistiu no nome mais dramático “Pacto de Aço”.
- Alguns historiadores acreditam que Mussolini assinou o acordo acreditando que a guerra só viria anos depois — o que revela o despreparo italiano.

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